Congresso Internacional
50 Anos – José Régio
“Se sempre, para mim, me continuas vivo”
Università Degli Studi di Padova
7, 8 novembre 2019
Falar de José Régio é evocar um escritor que dispensa apresentações, por ser reconhecidamente um grande protagonista da cultura portuguesa do século XX. Autor sumamente versátil, o diretor-fundador da revista Presença sempre manifestou a aspiração para a unidade na sua Obra e a simultânea tendência para a sua expressão numa multiplicidade de géneros literários. De facto, considerando “a literatura a expressão mais livre, mais variada, mais completa, que de si dá o homem”, ele resolveu “nunca deixar de exprimir o quer que nele pedisse expressão”. José Régio foi, portanto, um dos escritores portugueses mais dotados, revelando, numa aparente monotonia (especialmente temática), uma extraordinária variedade de tendências e meios de expressão. Sua obra não é linear, é um complexo entrelaçamento de planos e perspetivas em que não é legítimo isolar um aspeto ou uma forma particular. O seu esforço criativo produziu, em vida, oito recolhas poéticas (a que se juntam as três publicadas postumamente, para um total de quarenta e cinco edições), doze volumes de prosa de ficção (com trinta e seis edições), seis publicações de obras de teatro (dezasseis edições), além de dez textos de prosa não ficcional (ensaios, textos teóricos e didáticos, textos de crítica, um diário e ainda o volume memorialístico Confissão dum homem religioso, perfazendo um total de dezoito edições), sem esquecer as antologias, os prefácios a livros alheios e todas as publicações esparsas em revistas e jornais – números que testemunham o calibre da obra regiana e a sua ampla receção pública.
A trajetória existencial de José Régio terminaria a 22 de dezembro de 1969. Em 2019 serão 50 anos desde que começou a posteridade do grande escritor de Vila do Conde. Mas, parafraseando o verso do poema “Os Mortos”, se sempre para mim – para todos nós que lemos José Régio e que seguimos aprendendo com os seus textos e com o seu exemplo de intelectual agudo, aberto e inteiro – ele continua vivo. Este Congresso Internacional 50 Anos – José Régio celebrou a sua obra e o seu legado, mas sobretudo refletiu sobre a atualidade da sua figura.